O tenente-coronel Mauro Cid afirmou que Jair Bolsonaro pediu que Alexandre de Moraes fosse monitorado.
Segundo ele, o pedido foi feito no fim de 2022, nos últimos dias do governo.
O objetivo seria verificar se Moraes havia se reunido com o então vice-presidente Hamilton Mourão.
Cid é ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e hoje atua como delator no inquérito.
Ele foi o primeiro réu do chamado "Núcleo 1" da tentativa de golpe a ser interrogado no STF.
A oitiva foi conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal.
De acordo com Cid, Bolsonaro costumava solicitar esse tipo de verificação com frequência. “Era comum ele pedir para verificar encontros entre aliados e adversários”, disse o militar.
A tarefa teria sido reada ao coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro.
Câmara também é réu na investigação sobre a tentativa de impedir a posse de Lula.
Segundo Cid, os pedidos de checagem não envolviam estrutura formal de inteligência. “Não havia análise de inteligência. Checávamos com a FAB ou com a agenda pública”, afirmou.
No início do depoimento, Cid reiterou que Bolsonaro tinha conhecimento da minuta do golpe.
O documento previa o uso de um decreto para instaurar estado de sítio e barrar a eleição.
A sessão foi iniciada na tarde desta segunda-feira (9.jun.25) e deve seguir até as 20h.
INTERROGATÓRIOS VÃO ATÉ SEXTA-FEIRA NO STF
O ministro Alexandre de Moraes vai ouvir até sexta-feira (13.jun.25) todos os réus do núcleo principal.
Entre eles estão ex-ministros, oficiais das Forças Armadas e o próprio ex-presidente Bolsonaro.
Confira a ordem dos depoimentos prevista pelo Supremo Tribunal Federal:
- Mauro Cid (delator e ex-ajudante de ordens) – concluído;
- Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin);
- Almir Garnier (ex-comandante da Marinha);
- Anderson Torres (ex-ministro da Justiça);
- Augusto Heleno (ex-ministro do GSI);
- Jair Bolsonaro (ex-presidente da República);
- Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa);
- Walter Braga Netto (general e ex-ministro da Casa Civil).
Todos os interrogatórios estão sendo realizados presencialmente na Primeira Turma do STF.
A exceção é Braga Netto, que está preso e será ouvido por videoconferência.
Esses depoimentos marcam a fase final da instrução do processo penal.