11 de junho de 2025
Campo Grande 23ºC

JULGAMENTO DOS GOLPISTAS

STF retoma depoimentos sobre tentativa de golpe no fim do governo Bolsonaro

O primeiro a depor nesta fase é o almirante da reserva Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta 3ª feira (10.jun.25) os interrogatórios de réus ligados à tentativa a tentativa de golpe de estado praticada pela extrema direita em 2022, após serem derrotados nas urnas. 

O primeiro a depor nesta fase é o almirante da reserva Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha.

Ele é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de apoiar ações para impedir a posse do presidente eleito.

A PGR aponta Garnier como um dos principais nomes do núcleo militar envolvido na articulação.

Segundo a denúncia, ele teria se oferecido a Jair Bolsonaro para executar medidas previstas em um decreto de exceção.

As reuniões teriam ocorrido em dezembro de 2022, com uma reafirmação do apoio nos dias seguintes.

O caso investiga o possível envolvimento das Forças Armadas em ações que violariam a Constituição.

O depoimento do almirante é considerado estratégico para entender o papel da Marinha na crise.

Nos autos, Garnier é descrito como parte de um grupo que visava barrar a transição democrática.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, deve conduzir o interrogatório pessoalmente.

Também participa o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Na 2ª feira (9.jun.25), como mostramos aqui, o tenente-coronel Mauro Cid prestou depoimento no mesmo inquérito.

Cid foi ajudante de ordens de Bolsonaro e é um dos colaboradores da investigação.

Ele afirmou que o ex-presidente teve o à “minuta do golpe” e sugeriu alterações. “Presenciei grande parte dos fatos, mas não participei deles”, declarou o militar.

Segundo ele, Bolsonaro queria um texto “duro” contra o sistema eletrônico de votação.

Ainda de acordo com Cid, houve pressão sobre o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.

O objetivo seria divulgar um relatório que lançasse dúvidas sobre a legitimidade das urnas.

Também foi ouvido na segunda o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin.

Ele negou qualquer envolvimento com o plano investigado pelo STF. “Decerto que não fiz monitoramento de autoridades”, respondeu, ao ser questionado sobre espionagem.

Ramagem alegou que os documentos encontrados eram “rascunhos pessoais”, sem uso oficial.

Esta etapa marca o encerramento da fase de instrução processual.

Após os depoimentos, abre-se prazo de 15 dias para defesas e acusação apresentarem alegações finais.

Em seguida, o caso pode ser levado a julgamento pela Primeira Turma do STF.

Outros nomes previstos para depor incluem Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.

Também estão na lista Augusto Heleno, ex-ministro do GSI, e Paulo Sérgio Nogueira, da Defesa.

Devem prestar depoimento ainda Walter Braga Netto e o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O caso é tratado como um dos mais relevantes da história recente do Judiciário brasileiro.

Especialistas apontam que a decisão final pode redefinir o papel das Forças Armadas na política.